domingo, 28 de janeiro de 2018


De fato perdi a linha.
Nada escrevo dos meus “eus” e sobre eles.
Sobre tantos que um dia eu fui e jamais tornarei.
Dos que apenas deixei ir,
Deixei que passassem.
Dos que fui por um segundo, sendo o mundo,
Tudo.
Dos que falsamente fui sendo,
Montando, arquitetamente na escrita.
Sem regra ou rima.
Quem são eles?
Já não lembro.
Por onde andam?
Hoje são surdos, secos, fundos.
Não são textos, sequer frases.
Já não falam da cor, de luz e sombra.
Não movimentam a boca.
Hoje são estéreis fotografias recordativas.
Mofos enquadrados no rude papel em branco.
Hoje os mil personagens são nada.

(Leonardo Schneider)

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