Dentro de tuas bolinhas de gude, vejo tudo que sou. Vejo o
que ainda não havia visto. Quando teu sorriso junta-se ao teu olhar, aquela coisa de tudo ser um só, tenho meio
mundo. Metade milimétricamente partida. Mas quando ecoam tuas gargalhadas nas
salas, tens o mundo somente pra ti. E és aí
onde o agarro e obtenho-te. Onde te
roubo só pro meu eu e te guardo bem lá no fundinho de mim. Sempre entre muitas das nossas mais loucas cambalhotas. És, de certa forma, um
espelho. Um espelho como toda gente é, mas de uma maneira bem diferente.
Pois meu reflexo exalta-se nitidamente por inteiro quando estas por perto. Quero com todas as
forças adentrar em tua alma, aquietar-me em teu riso, estar em tuas luas e sóis.
Tu bem sabes que és minha casa com fogão aceso. Minha cama quente, meu grão de amor com portão
aberto. Muitos portões já fechei nesse meu caminhar. E muito joguei farelos e
migalhas. Nunca pra ti, mas pelas janelas que olhei. Sempre estive aqui e no teu aguardo pro
infinito. Prometo-te toda a fantasia e o meu chegar completo. Sem fim. O meu mar é
tudo que tenho a te presentear. E as mãos sempre abertas, as palmas levantadas. E sinto por demais tua falta. Porque longe sou teu. Perto sou meu. O
engraçado é sempre trocamos de papeis quando nos vemos. Isso sempre me rouba uma gargalhada. Te espero no nosso próximo
cochilar. Num domingo, ou qualquer dia azul ou de chuva. Porque amo-te quando puxa-me o
cabelo e faz piadinhas. E me diz com todo carinho do mundo: - Papai, Pai.
Tudo ao seu lado. Fantasia multi-color
Te amo mais que o te amo, e mais que o amor.
(Leonardo Schneider)