quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Preciso.

Já não tenho mais palavras, nem forças pra te dizer.
Precisava de você.
Precisava do seu cheiro, seu gosto, seu sexo.
Precisava.
Sua mão me era segura.
Seu abraço me era quente.
Agora já nem sei o que é preciso.
Nem sei se é preciso.
E aprendo contigo, friamente, de que nada dessas coisas são precisas.
Nada desses dengos são questão.
Não.
Tenho muito medo de não mais nada precisar.
De ser o fluxo sem conteúdo.
De apenas compor o colorido,
A melodia.
Dói muito.
Um dia precisei de colo como tudo quanto ama.
Mas acordei chorando.
Sozinho na cama.
Hoje na lama.
Com precisão bruta e frígida
De mandar pra puta que pariu esse meu precisar.

(Leonardo Schneider)

quinta-feira, 16 de novembro de 2017


Assim como vês do alto tudo que maquinas no longos dedos, 
nas mãos limpas e espalmadas pra cima, 
carregas sem saber o acerto.
Tu fuxicas daqui e de lá, tendo no peito a alforria.
Tu brilhas em demasia, confesso.
Embora tu não saibas disso por inteiro.
Tens a mais meticulosa pedra que ilumina,
Nesses teus olhos, sorriso e cabelos.
Um Maximiliano dom de calar-se.
Eu não.
Eu berro, grito e escrevo à caneta.
O ônibus chegou e logo percebi que falar de ti é ser colorido.
Desde a primeira vez que te vi,
Desde o início dos tempos,

Desde o fundo de si.

(Leonardo Schneider)

quarta-feira, 1 de novembro de 2017



Aprendi com o amor o quão frágil é amar.
Que desculpa é palavra feia no amor.
Que mesmo com o passar dos anos no amor, carência é fraqueza.
Errar aqui comigo em mim é pior do que lá, no erro de lá, no erro do outro.
Aprendi que estar junto e nunca estar lá, não faz diferença no amor.
Que sentir-se só é violência no amar.
De que adianta amar sem amor?
Aprendi, bem fugindo do amor, que a gente volta a amar.
Mesmo que maldito seja o objeto de amor,
Mesmo que não haja esperança.
Mesmo que de dois vire um.
Mesmo que de um vire nada.
Aprendi de criança que amar é verbo transitivo direto.
E a gente vai e volta.
Nesse mar de amar e amor que é a vida.
Mesmo doída quando a gente ama.
Mesmo injusta quando insistimos em amar.

(Leonardo Schneider)

sábado, 29 de julho de 2017

Moda.


Palavra que encerra..
Modalidade atlética.
Modalidade estética.
Moda.
Muda, molda, molde.
Mude.
Amarelo molda.
Azul molda.
Branco, moda.
Mude, olhe.
Molde o molde.
Mude, mude.

Mudo.

(Leonardo Schneider)

Sono de um gato. (Fingindo dormir).


Eu sei.
Sei de ti e tu sabes que eu sei.
Tu finges, ri e me liga pra esconder
Não te aguentas com teu alento,
Nunca soube mentir.
Mas o rato reside em ti.
O que cai, tu pegas.
O que sobra, tu por inocência rapta.
Um rato reside em tua alma
Tu só te apossas, por medo.
Nada tens, nunca teve.
E assim é o rato.
A vida em um dia é seu apreço.
Será essa tua alma e tua calma?
Não te quero mais por perto.
A ratoeira é o teu peito,
Dói por vazio.
Sempre há de doer.
Pra ti, aqui, não há queijo.


(Leonardo Schneider)

terça-feira, 21 de março de 2017



Queres condições?
Isso tudo, o além e só?
Queres de quem?
De tu?
De alguém?
Queres e almejas Helenas fronteiras?
Um espelho?
O que tu queres amor, eu quero contigo.
Seja o que for, coração e tesão.
Corpos idealizados, sonhemos!
Não?
Então, o que é que tu queres?
Diga-me, sensatamente!
O tudo de tudo que quer?
A raspa de tudo quer?
Os seus “nãos”?
A panela gasta,
Riscado é o traço.
Não te demores aí.
É apenas feijão.

(Leonardo Schneider)

terça-feira, 14 de março de 2017

Quarta feira de cinzas


Passei minha fantasia à ferro,
queimou.
Mortos, sentidos feridos
A avenida comprida
Da sala pro quarto
A seriedade no passo
Cadencia
Compasso
No pano na casa

Passista, passado,
Passou.


(Leonardo Schneider)