quinta-feira, 26 de novembro de 2015


Tens um buraco no peito?
Sabe como és?
Raso ou profundo?
Onde ele te leva?
O que faz contigo?
Te pune? Te rechaça?
Abre as pernas quando sossega?
Faz piadas?
Te embebeda?
Ou disfarça e dá gargalhadas?
Teu buraco joga pedras?
Vira a cara e ri da esfinge?
Teu buraco faz sentido ou se extingue na calada?
Esse teu maldito buraco no peito não pode ser motivo de frivolidades.
Não pode surgir de amores, poemas ou cartas.
Não pode conter.
Ele esta lá, ele é o nada.
Afinal de contas, tens ou não tens um buraco no peito?

(Leonardo Schneider)

Sentirei o mundo e todo seu aço.
Pedaço à pedaço, tua falta será ferro corroído.
Talvez distante demais, talvez só um pouco.
O velho tudo e o nada.
Assim somos.
E se nos distanciarmos?
E se nos perdemos?
Daqui, desse meu farol da ilha,
Nosso movimento de maré vem e vai.
Prometo anunciar se houver rochas ou redemoinhos.
Qualquer embarcação levará teu sorriso torto, teu cheiro.
Levarás um bocado de mim, porque pra ti fui feito.
Nosso sorriso, a parceria.
Não haverá mendicância no abraço.
Nada de choro e aperto de mãos.
Somente a indubitável certeza que nos foi imposta.
Nosso eterno sim pra tudo que há de vir.

(Leonardo Schneider)