domingo, 24 de julho de 2022

 Ilusão

Teus olhos apodrecidos,

Meu jeito tosco.

Quem tem razão?

E pra dormir, qual o descuido?

Qual coração, sem calmaria ou silencio?

Que bicho que assim ama?

Mas assim vamos.

No relapso de qualquer tempo,

De relance.

Das faces que viram,

Egípicios.

E fingimos o amor,

No teu e meu mundo.

O amor vibra.

Teu corpo nos agridoces,

Azedos,

Crassas alegrias.

Tu, eu.

Quem sabes no acolá?

Dos Grupos de dissídios?

Nos olhos flamejantes das coisas e pessoas,

Dos bons dias atravancados pelas necessidades fúteis

dos que olham, em vão, e em tudo percebem o belo.

Dos tolos. dos que se sentem, sofrem, se orgulham .

Do Trabalho?

Do Ruído?

Num Vazio,

Rascunho?

Somente tu,

Eu , nada?

Nesse escuro que são todas essas perguntas,

O absurdo silencio,

Teu, meu?

Do fundo digo, amor

Lutei.

Juro,

Lutei.


(Leonardo Schneider)


sexta-feira, 8 de julho de 2022

 

De quantos passados vive um sujeito?

Entendo que é o que somos.

Mas e quando o individuo guarda todos os passados?

E quando ele finge que não sabe, mas rebusca?

O passado.

Papel amassado e troco de padaria.

Já vi gente se perder.

Sofrer e fazer sofrer.

O passado, as estórias e coisas da alma, servem a memória.

Mais colorido e afetivo.

Uma loja de doces.

Quem tem passado vivo de forma física,

Está mais que morto na alma.

 

(Leonardo Schneider)

sexta-feira, 1 de julho de 2022

 

Esse papel fica a me fitar.

Ele sempre me olha de longe, me incita.

Ele é meu demônio particular,

Ele é meu desestabilizador completo.

Ele é meu oceano, minhas estrelas.

São segredos fugidos do que vejo.

Há tempos não quero mais vê-lo.

Como qualquer vicio sério dos que dizem por aí,

Fico a fugir.

Talvez não tenha jeito,

Talvez.

Tenho mais medo de escrever do que viver.

Porque viver é menos atroz, menos denso.

Escrever é cravar a alma nos acontecimentos.

Detesto ter que me empalhar e a taxidermia me enjoa.

Tenho me sentido um tanto torto.

Não caibo em lugar algum e amo a vida.

Onde vou digo: Tô bem e legal.

Nem sei quais são essas palavras, nem quais são os significados disso.

Significado, signo.

Tô sem um.

Tô sem nada.

Apenas o texto que me chama e mantem o fogo aceso,

Porque papel queima e é pura combustão.

Assim como eu nesse instante.

(Leonardo Schneider)