quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Nao revisei com café


Boca vermelha em contraste com a pele.
Tu brilhas nas retinas atentas, nas minhas, é serio.
Precisei apenas te ver passar, séria, taciturna ou envergonhada.
Não sei, tenho medo.
Mas saculejas meu peito. Seu jeito.
Calada, vi que me vê.
Pode ser sonho ou desejo.
Pode ser criação infantil essa minha coisa de achar.
Criar situações, medir íntimos quereres.
Depois negar a mim mesmo.
Dizer em alto e bom som no meu próprio peito.
Não!
Não importa, pois tornaste musa do vento.
Vens, escrevo. Vais, escrevo.
Precisava escrever.
Precisava que ventasse.
Juro!
Guardei meu silencio.
Chegaste à tempo.
Agora não sei,

Se és caso, pica, coração, intromissão ou simples vazio dos que sonham com beijos.

(Leonardo Schneider)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Flâneur

Noite.
O cruzamento define a paisagem.
Aqueles velhos prédios bem definidos.
Transeuntes, sinais, faixas de pedestre,
Mil bocas falantes.
A cidade.
Os olhos lá.
A calçada, mas os olhos lá.
A mente, ah!
Ela não. Ela lá.
Incrível como nos projetamos.
Mais alguns centésimos passos,
Agora doze.
Olhos nos olhos.
Roubaram-me as vistas.
Mas o foco, o foco!
A mente em desfoque.
Caminhar é assim.
Passada a passada o silencio na bolha.
Nossa bolha.
Nem cheguei ao lugar.
Quase tudo já sei.

(Leonardo Schneider)