sábado, 31 de março de 2018




Sim, seu tempo não é o meu.
Nosso tempo muitas vezes é lindo.
Sim, sinto-me feliz em
Seu tempo não sendo meu.
Nosso tempo permanece-me eternamente lindo.
Assim sendo, o teu e o meu tempo não é nosso, definitivamente.
O meu e o seu tempo não é nada, por questão.
Não é meu
O seu tempo, sim
Seu.
Mas qual variável de tempo nos pertence?
Qual curva/ esquina cruzamo-nos no tempo?
Qual nosso conjunto de tempo?
No cruel tempo de espera que julgamos
Teu e meu,
Imaginativos portos de espera,
Desembarques, inclinações, retas, 
Frágeis e aconchegantes cafeterias que esperam.
Assim como qualquer tempo frágil
Depois de um tempo,
Tudo acomoda aceitando.
Finge, vê, entrega e deita.
Descobre no ensaio tua mais clínica e observada beleza
E te aceita como és
Ou podes escolher se bem quer o que antagoniza, o que enfeia,
O que não quer.
Quero.
Rezo sério.
Embora ofuscante em tua vista
E eu sem óculos.
Nesses nossos míopes caminhos,
Sigo te amando porque buscas.
Só porque buscas.
Isso soa-me inteiro.

(Leonardo Schneider)

sexta-feira, 16 de março de 2018


Lembrei de teus olhos,
Tua pálpebra marrom em semi tom com tua vista.
Ambíguo olho estrábico, no peixe, no gato.
Animal objetivo, reto.
Lembrei de teu peito e gestos,
Tua paz, teu inferno.
Lembrei que sangras como qualquer um,
Embora nunca tenha te visto chorar.
Que entrega, a preços bem estabelecidos, o corpo.
Que és senhor de si, rei de teu dentro.
Ou não.
Talvez sim.
Assim penso e pinto-te em mim.
Sei que tens um segredo valioso na alma
Tentando a todo custo compartilhar.
Eu sei.
Tu sabes o que tens,
O baú que descobriste.
Vejo-te daqui.
Vejo-me de ti.
A leve dança da folha morta.
Pesada ao cair, na mais pura entrega.
Daqui descobri diferentemente,
Vasculhando só meus empoeirados desertos.
Não pude compartilhar,
Nada dizer.
Somente quis e tenho bolado há algum tempo,
Rudes e inexpressivas palavras.
É saudade.
É saudade.

(Leonardo Schneider)