sexta-feira, 16 de março de 2018


Lembrei de teus olhos,
Tua pálpebra marrom em semi tom com tua vista.
Ambíguo olho estrábico, no peixe, no gato.
Animal objetivo, reto.
Lembrei de teu peito e gestos,
Tua paz, teu inferno.
Lembrei que sangras como qualquer um,
Embora nunca tenha te visto chorar.
Que entrega, a preços bem estabelecidos, o corpo.
Que és senhor de si, rei de teu dentro.
Ou não.
Talvez sim.
Assim penso e pinto-te em mim.
Sei que tens um segredo valioso na alma
Tentando a todo custo compartilhar.
Eu sei.
Tu sabes o que tens,
O baú que descobriste.
Vejo-te daqui.
Vejo-me de ti.
A leve dança da folha morta.
Pesada ao cair, na mais pura entrega.
Daqui descobri diferentemente,
Vasculhando só meus empoeirados desertos.
Não pude compartilhar,
Nada dizer.
Somente quis e tenho bolado há algum tempo,
Rudes e inexpressivas palavras.
É saudade.
É saudade.

(Leonardo Schneider)

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