quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A semente








Quando vi seu cabelo, o tempo parou.
Foi um enorme sentimento.
Daqueles adocicados, feito bombons.
A vida andava cinzenta,
Cheia de tédio, cheia de mofo.
Mas seu passar flutuante coloria meu rosto,
Extinguiu meu bolor.
Nossa amizade nasceu junto com a flor,
que hoje trazes em seus braços, e que agora eu sei,
alegra tudo ao redor.
Desse dia nunca me esquecerei,
seu desengano,
sua aflição,
a insanidade em seus olhos.
O que trazias no útero, meu bem,
foi o começo de tudo.
Foi também nosso amor.

(Leonardo Schneider)

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Da maior importância




Eu quero são de fato os atos.
Marcados, datados, fragmentados.
Guardados, contidos, em vários  vidrinhos.
Colocá-los em minha estante.
Pra que eu possa vê-los.
Apreciá-los.
E quando velho,
estiver com a casa lotada de frascos,
quero quebrá-los um à um.
Para lembrar, satisfeito do meu feito,
A importância que teve cada minuto.

( Leonardo Schneider)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ontem

Putz,
se eu soubesse como seria?
Se pudesse contar com que daria?
se pudesse cobrar quem me devia?
se tomasse remédios pra minha azia?
Nada disso ia acontecer,
nada disso eu diria,
Apenas remédios pra azia.
e no fim de nada adiantaria,
se no meio do sexo ou da orgia,
eu pensasse, nefasto, cheio de euforia,
de que nada aconteceria,
a não ser tudo o que fui antes,
no meio do lixo, no meio do nada
no meio do dia,
apenas um simplório e humilde viajante.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Molhado.


A pele dura não aspira o que é de fora.
A paciência não é remédio para as horas.
O corpo pulsa quando o tesão de dentro aflora.
O mecanismo que umidece o sexo agora.
O entra e sai não é marcado para sempre.
A pica dura fica vasculhando o ventre.
E de repente o gozo surge num instante.
Trepar só é esporte para amantes.

(Leonardo Schneider)

De fato.

Contigo aprendi a dançar,
Ser sem precisar,
Voar.
(Leonardo Schneider)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Nota de (Des)Falecimento

Ontem quase morri.
No mesmo buraco,
No mesmo descaso de mim.
Eu era a ventania.
Eu era a tempestade.
E o tempo vadio transcorria,
a areia caía,
e eu me jogava.
Eu era a ampulheta,
eu era o vazio.
Eu era o oco espaço de tempo,
entre a insana brevidade da vida
e o fúnebre silêncio do fim.
Ontem , meus caros amigos, eu quase morri.

(Leonardo Schneider)

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Para saborear...





Tabacos podem ser comprados com duas finalidades: o consumo imediato e a armazenagem por um longo período. Em alguns casos a mesma mistura pode ser usada imediatamente e o estoque excedente pode ser posto de lado para o futuro.
A única e mais importante razão para comprar um tabaco, seja ele para  agora ou para armazenar, é o fato de que você aprecia o sabor dele.
Isso nos traz a um problema óbvio: Como encontrar o melhor tabaco para satisfazer o seu gosto.
A resposta é que provavelmente você não vai encontrar um único tabaco que possa considerar “o melhor”, mas vários. Existem  muito boas chances que na sua história de  fumante de cachimbos, você ache tabacos que gostará muito, outros que serão apenas bons e outros que serão ruins. 
Fumar e saborear são acima de tudo partes do prazer da experiência total.
Quanto mais você souber sobre os princípios de mistura e combinação de tabacos, melhores serão as chances de encontrar os tabacos que preencham as sua necessidades. 
A regra de ouro para experimentar um tabaco, que diga-se de passagem é a mesma que se usa para selecionar um vinho, é: Se você gosta do paladar, aroma e características gerais do tabaco, (ou vinho) então é uma boa combinação. 
Essa regra valerá para os tabacos mais barato e para os mais caros. Ela é verdadeira para as misturas mais simples e para as mais exóticas também, se você gostar, isso é o que importa. 
Um pequeno problema entra em jogo quando o tabaco que você está estocando começa a mudar: O sabor começa a mudar com o passar do tempo.
O truque é experimentar o taco jovem e imaginar como ele estará em seis meses ou seis anos. 
Vamos voltar um pouco e redefinir os tipos básicos de combinações de tabacos.
Sem entrar nos princípios elementares dos virgínias, burleys, latakia e demais, vamos avançar um passo e definir as misturas como:
a)       Aromáticos produzidos em larga escala
b)       O verdadeiro Aromático Cavendish 
c)       Oriental natural (sem aromatização)
d)       Misturas naturais de virgínias
Sem exceção, todos esses tipos de tabacos vão mudar com o passar do tempo.
Desde que os aromáticos produzidos em larga escala utilizam tabacos de baixa qualidade e pulverizam sua qualidade máxima ou doçura, esses tabacos irão de fato declinando em suas qualidades com o passar do tempo. 
Os aromáticos embalados prensados, a granel , em latas ou bolsas, devem ser consumidos “frescos” e não armazenados.
Os Aromáticos verdadeiramente Cavendish, usualmente produzidos na Dinamarca, podem ser consumidos imediatamente mas continuam evoluindo por um período de até um ano.
Após esse primeiro ano, uma pequena mudança ocorrerá nesse Cavendish Dinamarquês  contudo, o sabor, o aroma e as características vão permanecer por vários anos se armazenado em condições propícias. 
As misturas orientais e também as inglesas, vão continuar mudando por vários anos se forem estocadas em condições apropriadas, e os virgínias flakes, prensados e soltos, vão começar a mudar no dia em que forem embalados e continuar por muitos anos... 
O grau de mudança nos tabacos não aromáticos depende mais do quanto de tacos “verdes ou jovens” o produto final contenha.  
Existem vários tipos de tabacos Virgínia. O virgínia é usado em tudo, desde os aromáticos até nos flakes.
Em geral, os tabacos com alto nível de açúcar são usados em tabacos premium. 
Prensagem, aquecimento, vaporização, estufas e muitos outros processos são usados para lapidar o virgínia, cada um responsável pelo sabor imediato e processo de amadurecimento. 
Tratar tabacos em estufa e o jeito de encurtar o longo tempo de maturação das misturas com alto teor de virgínias.
O tratamento consiste em basicamente aquecer a mistura final sob condições controladas, como se você cozinhasse em uma estufa. Brando e controlado o calor constante vai causar a quebra do ácido tânico e acelerar a mudança para açúcar / melado, contido na folha. 
Você não pode substituir a maturação natural com  tempo por uma estufa, contudo o processo irá remover a dureza característica do virgínia. 
Uma mistura de virgínias convenientemente tratada em estufa, vai ter o processo de envelhecimento (maturação) acelerado, mas não substituirá o tempo.
Geralmente em tabaco tratado um estufa terá uma aparência mais escura na lata  sem o contraste claro e escuro das misturas que não foram processadas dessa maneira.
O processo de estufa, é muito mais do que aquecer pura e simplesmente a mistura pronta porque o calor demasiado irá alterar as características excelentes de uma mistura de virgínias.
A Companhia de Tabacos McClelland tem tido sucesso prolongado com tabacos tratados em estufa e muitos dos seus tabacos produzidos para o PCCA USA (Clube de Colecionadores de Cachimbo da América) e para Reservas Pessoais tem recebido esse tipo de tratamento.
Seria quase impossível sugerir um período médio excelente para que você armazene um tabaco.
A seleção perfeita desse período depende muito mais de o que você prefere saborear e do estilo do tabaco do que da idade dos aromáticos, orientais, ou virgínias.
Uma vez que você tenha entendido o que você pode esperar desse tipo de tabaco, você será capaz de decidir o seu período de estocagem.
Uma coisa deve ser ressaltada: Estipular o tempo de armazenagem do tabaco, é como beber uma única qualidade de vinho ou jantar sempre a mesma coisa todos os dias. 
Existem excelentes tabacos no mercado para todos os gostos e estilos. Os tabacos estocados devem incluir uma variedade deles rigorosamente escolhidos entre seus preferidos.
Não limite seu estoque ao seu predileto.
Você ira querer abrir e experimentar lata por lata conforme forem maturando.
Um número limitado de latas, principalmente do seu favorito irá limitar os seus testes de paladar e oferecer só uma pequena quantidade de tabaco maduro.
O trabalho do tempo é mágico! 
Tenha certeza de datar as latas que você vai estocar, anotando mês e ano em que foram adicionadas ao estoque. Para isso pode ser usada uma etiqueta adesiva.
Todos os tabacos de Reserva Pessoal e logo mais, todos os comercializados nos Estados Unidos terão a data de fabricação estampados nas latas. 
Como passo final, você deve fazer uma lista dos tabacos em estoque ou pode ser uma simples ficha onde você poderá anotar particularidades do tabaco, como gosto, odor, se “mordia a língua” e outra coisas mais e depois como ele reagiu à maturação.
Esse histórico poderá ser útil para você decidir que tabacos manter no seu estoque.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Baforar palavras.



Pois é, estava quietinho, me deliciando com um fumo sueco, ganhado de um grande amigo. Chegou de viagem logo dizendo: - Comprei o mais caro da loja!!. Aquele jeito dele, suave, mas ao mesmo tempo imperativo, forte, peito aberto. Não me importei nem um pouco com sua afirmação. Aliás, quando veio me visitar nada mais me importava a não ser sua presença. Mas foi um ótimo presente. Hoje no radio, não mais que de repente, enquanto dava minhas prazerosas baforadas, tocou "Chocolate Jesus" de Tom Waits. Me pareceu tudo muito favorável, aquela fumaça do cachimbo se misturando à sonoridade, uma simbiose perfeita. Os dois elementos bailavam, entrelaçados, ambos esvaiam na janela, extinguiam-se no ar. Obviamente me lembrei dele, das coisas que já lhe escrevi, das nossa ilusões diante a vida e nossas expectativas. Como ele me pediu, tão logo baforei palavras inspiradas pelo fumo:


Como é bom te ver, meu amigo.
Nesse mundo puto, nesse insólito segundo;
Ouvir sua voz
Às vezes trêmula, às vezes de algoz.
Também pequena, miúda.
Como eu gosto de te ver.
Meu fascínio desde menino.
Quem sabe até uterino?
Confesso que detesto o teu sumir único.
Tu que por certo me entende, parente.
Serpente do paraíso.
Me ofereceu a fruta, maldita, suculenta.
E eu quis a mordida, viva, carente.
Do jeito que só a gente entende.
Perdida, mal desejada, vivida.
Meu eterno amigo,
Como é bom te ter em meus braços.
Partida? Só na morte.
Não mais que feridas do eterno infinito.
O grito de dor, contido.
As lágrimas de uma reação química,
na cor, no gemido e no infinito.
Meu eterno amigo.



Leonardo Schneider

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Métron, meu caro! Eis o caminho......

Epicuro de Samos (341 - 270 a.C.) foi um filósofo grego do período helenístico. Seu pensamento foi muito difundido em numerosos centros epicuristas que se desenvolveram na Jônia, no Egito e, a partir do século I, em Roma, onde Lucrécio foi seu maior divulgador.



Caros amigos, discutiremos um dos principais propósitos da filosofia de Epicuro: Atingir a felicidade. Mas de que forma isso é possivel?
Epicuro afirmava que o homem , a exemplo dos animais, buscavam afastar-se da dor e aproximar-se do prazer, norteando, de certa forma, o que é bom e o que é ruim. Uma teoria um pouco confundida com o hedonismo. Mas esse prazer que ele fala é um estado mais elevado, um controle sobre as emoções e a quietude da alma. Não se trata, portanto, do prazer imediato, como é desejado pelo homem vulgar; trata-se do prazer refletido, avaliado pela razão, escolhido prudentemente, sabiamente, filosoficamente. É mister dominar os prazeres, e não se deixar por eles dominar; ter a faculdade de gozar e não a necessidade de gozar. A filosofia toda está nesta função prática.  Verdade é que Epicuro mira os prazeres estéticos e intelectuais, como os mais altos prazeres.
Em que consiste, afinal, esse prazer imediato, refletido, racionado? Na satisfação de uma necessidade, na remoção do sofrimento, que nasce de exigências não satisfeitas. O verdadeiro prazer não é positivo, mas negativo, consistindo na ausência do sofrimento, na quietude, na apatia, na insensibilidade, no sono, e na morte. Mas precisamente ainda, Epicuro divide os desejos em naturais e necessários - por exemplo, o instinto da reprodução; não naturais e não necessários - por exemplo, a ambição. O sábio satisfaz os primeiros, quando for preciso, os quais exigem muito pouco e cessam apenas satisfeito; renuncia os segundos, porquanto acarretam fatalmente inquietação e agitação, perturbam a serenidade e a paz; mas ainda renuncia os terceiros, pelos mesmos motivos. Assim, a vida ideal do sábio, do filósofo, que aspira a liberdade e à paz como bens supremos, consistiria na renúncia de inúmeros desejos ; e, por conseguinte, em vigiar-se, no precaver-se contra as surpresas irracionais do sentimento, da emoção, da paixão. Não sofrer no corpo, satisfazendo suas necessidades essenciais, para estar tranqüilo; não ser perturbado no espírito, renunciando a todos os desejos possíveis, visto ser o desejo inimigo do sossego: eis as condições fundamentais da felicidade, que é precisamente liberdade e paz.
Em realidade, Epicuro, se ensina a renúncia, não tem a coragem de ensinar a renúncia aos prazeres positivos espirituais, estéticos e intelectuais, a amizade genial, que representa o ideal supremo na concepção grega da vida.
O mundo e a vida são um espetáculo: melhor, na verdade, é ser espectadores e atores, melhor é conhecer do que agir.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Uma piscadela sobre Belô





Hoje acordei diferente. Resolvi dar-me tempo (ócio. subst. grego=dar-se tempo. Antônimo de ócio=Negócio. Dar tempo à outrem.), deixar de lado as obrigações habituais, mas com uma certa malícia cotidiana. Daquelas que só a gente sabe, bem no fundinho, de quando pode e quando não pode dar-se esse luxo. Parti, sem muitas delongas, numa jornada que particularmente acho unica. Me camuflar entre os transeuntes. Mas, a meu ver, não era apenas me jogar na multidão belo-horinzotina, nem se esconder entre rostos atônitos e deflagrados pelo tempo. Era um momento de reflexão. Entre carros, ônibus, semáforos, passarelas e avenidas, encontrei um jeito de olhar a cidade com outros olhos. Obviamente, sai munido de uma câmera fotográfica bem carregada na tomada, emprestada, com a memória cheia de fotos que em nada me identificavam. Pois bem, o que mais me importava naquele instante mágico ( sem exageros ) era o fitar e fitar-se sem hora, nem lugar, nem medida. As arestas da cidade me empolgavam (como cachorros que saem pra passear depois de uma semana trancafiados no apartamento), seu colorido cinzento, suas janelas, seu ruído pulsante. Aos poucos descobri como é interessante essa jornada, sem partida, nem chegada. A maquina em punho, o olhar reto, constante, com a certeza impressa na lente. " Amo essa cidade."



quarta-feira, 18 de maio de 2011

Agora pra ficar!!!!


É, depois de um bom tempo sem escrever, voltei. Arrumarei a bagunça de idéias formuladas durante minha ausência virtual. Por em ordem cada milímetro de aspirações e vivências adquiridas durante esse tempo. Depois de Tsunamis japoneses, casamentos da realeza e a morte de Ozama, voltaremos com nossas conversas sobre cafés, cigarros, políticas, filosofias e artes.
É verdade, muita coisa aconteceu. Mas minha retina fotográfica quase nada deixou escapar. Por sorte, um encontro virtual ( com uma queridíssima amiga ) me fez reaver a idéia de dar continuidade com o blog.
Então mãos à obra......