quinta-feira, 6 de junho de 2013


Ela me pediu para que eu escrevesse algo. Nesses últimos tempos tenho andado tão oco, que minhas próprias palavras têm retumbado em meu vazio. A verdade é que criaste um buraco raso. Um buraco de poça. E eu sempre a retornar com meus pés sujo de lama pra casa. Incrível sina a que me deixaste. Essa eterna punição de Sísifo. Piso sempre que me distraio. Todos os dias é verdade. Sempre que me aproximo de teu cheiro, uma espécie de breu me toma à vista. E eu novamente a sujar o sapato. Lá estava o buraco. Será essa sua eterna marca? A de estar sempre em minha jornada? Ou será que fora minha inconsciente escolha? A de querer sempre atolar minha pegada? A estrada é renovada todo dia e eu nunca sei onde estará aquela minha amada poça de barro. Mas guardei alguns sujos sapatos, caso queiram repavimentar minha estrada. Quando fores embora, terei a indubitável certeza. A de que deixarás certamente, um fundo buraco.

(Leonardo Schneider)