Os dias falham na minha caneta preta.
Enquanto escrevo o vazio das coisas,
as rasuras das saudades,
dos sorrisos e abraços,
Meus olhos negros que vibram,
Borram.
E quanto mais a caneta corre ao papel,
Mais adquire disforme sentimento.
Pois o que se sente, indiferente se amor ou saudade,
Fica restrito, sem forma ou cor.
A caneta tenta dar sentido, existência.
Faz-se um simulacro,
Um rascunho do que se sente,
O punho ginga daqui pra lá.
O papel vai perdendo a virgindade.
Parir o texto é a funesta certeza de todo poeta.
(Leonardo Schneider)