segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

 

Os dias falham na minha caneta preta.

Enquanto escrevo o vazio das coisas,

as rasuras das saudades,

dos sorrisos e abraços,

Meus olhos negros que vibram,

Borram.

E quanto mais a caneta corre ao papel,

Mais adquire disforme sentimento.

Pois o que se sente, indiferente se amor ou saudade,

Fica restrito, sem forma ou cor.

A caneta tenta dar sentido, existência.

Faz-se um simulacro,

Um rascunho do que se sente,

O punho ginga daqui pra lá.

O papel vai perdendo a virgindade.

Parir o texto é a funesta certeza de todo poeta.

 

(Leonardo Schneider)

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