segunda-feira, 5 de maio de 2014


Te segurei pelos cabelos, ajoelhei aos teus pés implorando. Era pura cumplicidade e entrega. Mas estas oca. Oca de tudo. Não percebestes nada. Teu enfadonho olhar é só para os cinzas e teus cinzas. A flor que te levei, atirei na lixeira como gostaria que eu fizeste. Esta lá e todo dia olho pra ela. Ela apodrece aos pouquinhos, como tu e eu. Mas carrego buquês aos montes. Não me entrego aos papéis higiênicos. Não escrevo em muros chapiscados. Tua maldita pele se dissolve em mim feito caspas. O que não queres de mim? Responda! Ainda guardo teu guardanapo. Teus talheres entreguei ao primeiro mendigo. Ele pegou e riu. Uma risada de dar inveja. Nossa mesa posta esta para as traças, mas penso em você. Maldita! Por que duvidastes? Pensas demasiadamente em tuas rugas e cacos. Esquecestes que é via dos fracos, dos cansados, dos imbecis. Carregue teu drama pra lama. Mas não se esqueça que lá também nasce flor. Mas como sou meio capacho, irei na latrina buscar tua rosa. Vou colocá-la num vaso com água. Quem sabe ela brilha e te mostra que querer conhecer, também é amor.

(Leonardo Schneider)

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