Descobri teu sabor na velocidade de um assalto. Teu cheiro já
sabia de cor, mas o gosto me era desconhecido. De tanto carregá-la na minha
sacola, resolvi com ímpeto montanhesco expor-te. Fora uma situação um tanto embaraçosa,
confesso. Porque expondo tu, acabei-me por exposição, como a bola na parede em
retorno às mãos. Fui-me entregando em partes bem fatiadas, discorrendo
variavelmente entre eu e as fúteis banalidades dos acontecimentos. Tive febre e
estou de cama. Roço o lençol na esperança de tua pele, de teu gosto. Escrevo
todos os insanos desejos à lápis, para que a cada realização eu possa, uma a uma,
apagá-las. Meu corpo arde e me sinto fraco. Esse meu modus operandi entre copos e garrafas vazias me desmascara em cada curva, em cada esquina. E a cada entrega, uma fraqueza nas pernas. Mas contigo foi diferente,
contigo foi e esta sendo febril. Meu desejo por tuas coxas, tua boca e teu húmus
me elevam a temperaturas tropicais. Imaginar-te em minha pele, é imaginar-me em
braseiro. Tudo vermelho, contorcendo. Gritos, gemidos, suor e dor. O amor tem
dessas coisas. Têm certos tratos, certos jeitos. O amor, em certos casos, finda-se
indiscutivelmente, quando nos damos conta que entramos ou saímos da vagina.
(Leonardo Schneider)
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