quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


Molhada é nossa palavra. Eu queria tê-la inteira em minha boca aos bocados, pedaço à pedaço. Sentir o seu cheiro, lamber as suas partes. Deitá-la em meu corpo non grato. Feito animal arisco, encurralado, não consigo me desvencilhar. Passo horas escrevendo pra ninguém. Casos tão fúteis, pensamentos tão chulos. Tudo isso pra anular esse meu sentimento digno de psiquiatria. Foco nas plantas, carros, e gentes de todos os tipos. Busco arestas estranhas, meus cinzas curitibanos e rôo minhas unhas para não fumar. Mas você volta, felina úmida. Volta aos meus sonhos e desejos porão. Dança nua entre meus dentes e minhas palavras, eu quero a mordida bem dada. Não tenho medo, nossa festa é bem curta. A noite já vem. E quando fechos os olhos e chega o meu breu, você parte pra longe. Agarro-me ao travesseiro, escuto a lua e o bater da porta. Mas esquecestes pra trás o mel de seus olhos, seu cabelo crepusculo, sua pele dourada.

(Leonardo Schneider)

Um comentário:

  1. nú! malemolente. o texto dá realmente a sensação de algo escorregadio, que escoa pelos dedos quanto mais tentamos segurar.

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